BRUNO CARLINI: Cristão marxista não existe, são conceitos incompatíveis.
- Cenário Capixaba
- 30 de jan. de 2024
- 5 min de leitura
Considerado o idealizador do que se conhece hoje como marxismo, Karl Marx (1818-1883), ainda influencia muitas pessoas no Brasil. Marx foi autor de duas obras muito conhecidas, O Manifesto Comunista (1848) e O Capital (1867-1894), que dão sustentação teórica para suas ideias utópicas que estimulam a desconstrução da família e o fim da propriedade privada, além de delegar super poderes ao Estado para controlar impetuosamente o cidadão.
Historicamente, Karl Marx tentou criar uma teoria sobre a Economia (na famosa obra O Capital) e defendeu a ideia de que o progresso da sociedade se dá essencialmente por meio da luta de classes e que há sempre a figura de quem domina e quem é dominado nesse contexto. A que se deve o fato de suas obras ainda terem tanta repercussão, inclusive fora da Economia?
Não há dúvida que existe uma combinação de temas que tocam a emancipação do homem, teorias aparentemente verdadeiras e acessíveis a pessoas sem senso crítico, escritas em linguagem simples e difundidas por pessoas influentes, como vimos em universidades, sindicatos e representantes políticos de esquerda.
Os temas de Marx tocam vários campos do conhecimento além da Economia. Um apanhado exemplar é o primeiro capítulo de O Capital, intitulado A Mercadoria, em que abre sua maior obra com quatro pilares do seu pensamento: diz que a unidade básica do mercado (a mercadoria) é, na verdade, a concretização das relações sociais injustas do capitalismo; diz que o valor de uma mercadoria é definido pelo trabalho; afirma que o trabalho foi explorado e subordinado pelo capital a ponto de reduzir o homem à condição de coisa e afirma que o mundo religioso é o ópio da massa.
Junte-se a essas afirmações a primeira frase do primeiro capítulo do Manifesto do Partido Comunista (“a história de toda a sociedade até aqui é a história de lutas de classes”, pela qual diz que tal luta teria sido o motor de desenvolvimento das sociedades), a 11ª tese sobre Feuerbach (“os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo”), sua previsão de que o desenvolvimento do proletariado explodiria em uma revolução aberta e o proletariado estabeleceria sua dominação pela derrubada violenta da burguesia. Estas e outras tantas frases formam um conjunto de ideias que culpam as condições injustas da sociedade pela desigualdade entre as pessoas, além de ser praticamente uma convocação às pessoas para que lutem unidas contra o capitalismo.

A luta de classes é um dos principais temas de Marx e, também, um dos que mais dano causou à humanidade. Por meio dele, defende que o desenvolvimento da humanidade teria acontecido graças à briga eterna entre quem tem dinheiro (dominadores) e quem tem força de trabalho (dominados) e ao crescimento das forças produtivas. A aparente veracidade dessa alegação separa as pessoas em dois grupos opostos, mediadas por um ódio crescente à medida que a vida se torna mais difícil.
O tom de justiça e de emancipação da obra de Marx continua encantando gente em muitos lugares, especialmente em países cujas populações ainda possuem baixa escolaridade, como os da América Latina e do antigo bloco soviético.
As ideias de Marx ultrapassaram a questão da Economia e chegaram até a política, porém, se em algum momento Marx chegou a esboçar uma teoria da sociedade ou da Economia, foi com intuito político. A já referida 11ª tese contra Feuerbach sintetiza esse pensamento mostrando que, para ele, a finalidade do conhecimento é fazer revolução.
Obtenção de poder era a intenção de Marx, expressa em cada um de seus escritos, nem que pra isso tivesse que descontruir toda crença e cultura de um povo.
Vale lembrar que alguns partidos brasileiros se apropriaram das ideias do alemão e se tornaram portadores mais que adequados para sua difusão, a ponto de, hoje, partidos como PT, PSOL e PcdoB serem indissociáveis ao marxismo.
Mas o êxito de Marx também deve ser entendido pela perspectiva do humanismo, que já alcançava níveis impressionantes no século XIX e ao qual se alinhavam os outros dois pais da escola da dúvida: Nietzsche e Freud. Os três falaram de assuntos bem diferentes, mas compartilhavam da premissa de o homem ser o centro da vida e dos valores. O humanismo se tornou predominante no campo do conhecimento. Auxiliado pelo relativismo (que alega não haver certo nem errado, somente opções culturais), desviou os olhos da humanidade do Deus Criador para o homem, colocou o conhecimento de Deus como algo folclórico ou como pertencente a um período de ignorância da humanidade.
Estranhamente, esse pensamento nocivo a qualquer religião, se entranhou em muitas pessoas, inclusive cristãos que acreditaram que o marxismo é uma ideia para promover a justiça social, quando na verdade, é uma teoria que restringe a liberdade, empodera estadistas e achincalha a fé.
A insanidade de Marx também foi recepcionada por outros campos, além da Economia. O pensamento de Marx passou por uma fase de materialismo. Seu resultado mais profundo é levar as pessoas a acreditarem que real é somente aquilo que é material. Nesse sentido, as ideias nunca seriam reais. Admitida esta ideia, passa-se a entender que todas as ideias derivam do dinheiro que uma pessoa possui – o que não é verdade, mas foi exatamente o que o materialismo de Marx causou. Viciou o pensamento a julgar a veracidade das coisas pela sua textura, eliminando a condição de admitir a realidade de uma ideia. Isso é reduzir a vida a somente uma de suas dimensões.
Marx afirmou que a "religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, assim como é o espírito de uma situação carente de espírito. É o ópio do povo". A aversão de Marx pela religião, especialmente, pelo cristianismo, se dá pelo fato de ser um obstáculo à implementação de sua teoria impraticável. Por isso, usou de dois artifícios intelectuais para ridicularizá-la. O primeiro foi dizer que a religião era algo inventado pelos ricos para aliviar o sofrimento causado pelo capitalismo sobre os pobres. Em segundo lugar, foi alegar que essas ideias eram falsa consciência imposta pela classe dominante para defender e perpetuar a propriedade privada. É no primeiro sentido que Marx via a religião como fuga das responsabilidades.
Marx tinha uma maneira ruim de tratar seu leitor: ao passo que, por um lado, queria “abrir seus olhos” para a “verdade” dizendo que a religião era uma armadilha da classe dominante, acusava o proletário de ser um iludido, na pior acepção do termo, provocando-o a abandonar a fé. Assim Marx tratava a classe pela qual ele desejava realizar a revolução.
Portanto, Cristianismo e marxismo são duas coisas opostas entre si, impossíveis de serem conciliadas. As diferenças começam pela criação: a Bíblia mostra que Deus é o Criador do homem, ao passo que, para Marx, foi o homem quem construiu a ideia de Deus. Para Deus, o ser humano é a menina dos Seus olhos, enquanto que, para Marx, o homem é o autor da revolução contra o capitalismo, somente isso.
De acordo com a Palavra de Deus, os pensamentos geram as ações, o que é o perfeito e oposto ao que Marx diz. O mandamento de Deus é amar os inimigos; o de Marx é destruí-lo. Deus diz que todos os males foram causados pelo pecado; Marx diz que o que causa o mal são as estruturas injustas impostas pelo capitalismo opressor. Deus explica as ações humanas de acordo com a obediência dos homens à Sua Palavra; Marx explica as ações pelo dinheiro e pelo poder.
O cristianismo que prega a existência de Deus, bem como, de uma moral objetiva. Já o marxismo se interessa pelo poder e em tomá-lo das mãos da “burguesia” e passá-lo para os “proletários”, negando a existência de Deus. Por isso, concluo que cristão marxista não existe!

BRUNO CARLINI, bacharel em direito, pós-graduado em Administração Pública, agente público há 18 anos.
Colabore com cenariocapixaba.com enviando o seu artigo na aba contato!
Comments